Eucaristia

Eucaristia (εὐχαριστία - "reconhecimento", "ação de graças") é a renovação do Sacrifício de Jesus Cristo no Calvário.

Também é denominada de Sagrada Comunhão, Santíssimo Sacramento do Altar, a Refeição Noturna do Senhor e a Celebração da Morte e ressurreição de Cristo.




O procedimento 

Igreja Católica

A doutrina da Igreja Católica ensina que Jesus, antes de morrer, já se referia a este ritual sacramental: «Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos» (João 6:51-71). Isto é claro já nos primeiros escritos a respeito, como na carta de São Justino a respeito do tema.
Na Igreja Católica, a Eucaristia é um dos sete sacramentos. 


Como um sacrifício

Na Eucaristia, o mesmo sacrifício que Jesus fez apenas uma vez na cruz é feito presente em toda missa. Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica[1], a Eucaristia é "o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até o seu regresso, confiando assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna." (n. 271). A palavra Hóstia, em latim, quer dizer vítima, que entre os hebreus, era o cordeiro, sem culpa, imolado em sacrifício a Deus.
Trono eucarístico na Basílica de Mafra - RVISSM.

Para a Igreja Católica a Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, a actualização e a oferenda sacramental do seu único sacrifício, na liturgia da Igreja que é o seu corpo.[2]. O memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos do passado, na celebração litúrgica destes acontecimentos, eles tomam-se de certo modo presentes e actuais.[3] Quando a Igreja celebra a Eucaristia, faz memória da Páscoa de Cristo, e esta torna-se presente: o sacrifício que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, continua sempre actual. [4] A Eucaristia é, pois, um sacrifício, porque representa (torna presente) o o único sacrifício da cruz que Cristo ofereceu na cruz uma vez por todas, porque é dele o memorial e porque aplica o seu fruto.[5]

O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: «É uma só e mesma vítima e Aquele que agora Se oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora Se ofereceu a Si mesmo na cruz; só a maneira de oferecer é que é diferente». E porque «neste divino sacrifício, que se realiza na missa, aquele mesmo Cristo, que a Si mesmo Se ofereceu outrora de modo cruento sobre o altar da cruz, agora está contido e é imolado de modo incruento..., este sacrifício é verdadeiramente propiciatório».[6]

Segundo o papa João Paulo II, em sua encíclica Ecclesia de Eucharistia, "a Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho".[7] Ainda nessa encíclica, é chamada atenção para o fato significativo de que no lugar onde os evangelhos sinóticos narram a instituição da Eucaristia, o Evangelho de João propõe a narração do "lava-pés", gesto que mostra Jesus mestre de comunhão e de serviço (João 13:1-20); em seguida o Papa atenta para o fato de que mais tarde o apóstolo Paulo qualifica como "indigna" uma comunidade cristã cuja participação na Eucaristia se verifique num contexto de discórdia e de indiferença pelos pobres (I Coríntios 11:17-22).



Como uma presença real

A Igreja Católica confessa, desde o princípio da instituição, a presença real de Cristo, em seu corpo, sangue, alma e Divindade após a transubstanciação do pão e do vinho, ou seja, a aparência permanece de pão e vinho, porém a substância se modifica, passa a ser o próprio Corpo e Sangue de Cristo. A presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração de pão e vinho e dura enquanto as espécies eucarísticas subsistirem. Cristo está presente todo em cada uma das espécies e todo em cada uma das suas partes, de maneira que a fracção do pão não divide Cristo.
A distribuição da Eucaristia numa missa tridentina.

Comungar ou receber a Comunhão é nome dado ao ato pelo qual o fiel pode receber a sagrada hóstia sozinha ou acompanhada do vinho consagrado (nas celebrações de Primeira Eucaristia e Crisma). Segundo o Compêndio, "Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja Católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da confissão antes da Comunhão. São também importantes o espírito de recolhimento e de oração, a observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes), como sinal de respeito para com Cristo." (n. 291).

Eucaristia também pode ser usado como sinônimo de hóstia consagrada, no Catolicismo. "Jesus Eucarístico" é como os católicos se referem a Jesus em sua presença na Eucaristia. "Comunhão" é como o sacramento é mais conhecido. As crianças farão a sua Primeira comunhão. "Comunhão Eucarística" é a participação na Eucaristia.

A adoração eucarística na Capelinha das Aparições do Santuário de Fátima.

Também há uma adoração especial, chamada "adoração ao Santíssimo Sacramento" e um dia especial para a Eucaristia, o "Dia do Corpo de Cristo" (em latim: Corpus Christi). Segundo Santo Afonso Maria de Ligório, "a devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós". Para a Igreja, a presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a Missa perdura enquanto subsistirem as espécies do pão e do vinho. Um dos grandes fatores que contribuíram para se crer na presença real de Cristo e adorá-lo, foram os "milagres eucarísticos" em várias localidades do mundo, entre eles, um dos mais conhecidos foi o Milagre Eucarístico de Lanciano, em Lanciano (Itália).

São João Crisóstomo, o arcebispo de Constantinopla, destaca o "efeito unificador" da Eucaristia no Corpo de Cristo, que é identificado pelos cristãos como a própria Igreja: "Com efeito, o que é o pão? É o corpo de Cristo. E em que se transformam aqueles que o recebem? No corpo de Cristo; não muitos corpos, mas um só corpo. De fato, tal como o pão é um só apesar de constituído por muitos grãos, e estes, embora não se vejam, todavia estão no pão, de tal modo que a sua diferença desapareceu devido à sua perfeita e recíproca fusão, assim também nós estamos unidos reciprocamente entre nós e, todos juntos, com Cristo". João Paulo II ensinou que à desagregação enraizada na humanidade é contraposta a força geradora de unidade do corpo de Cristo.

Segundo a Igreja Católica, a transubstanciação da partícula (pão feito apenas de água e trigo) para a hóstia pode ser feita apenas por sacerdotes ordenados (presbíteros ou bispos).


Igreja Ortodoxa

Como a doutrina da transubstanciação surgiu no ocidente após o cisma com a Igreja Ortodoxa, nela não há uma formulação teológica sobre o que acontece com os elementos na liturgia divina - é tido como "mistério".

O pão na liturgia ortodoxa é fermentado (simbolizando a nova natureza em Cristo) e o vinho é servido a todos os fiéis (inclusive crianças), servido com uma colher.


Igreja do Oriente

Na Igreja do Oriente, a Qurbana Qadisha (em aramaico: o Santo Sacrifício) seguem um dos mais antigos ritos em uso, o de Addai e Mari. Suas orações eucarísticas, Gehantha, possuem grande semelhança com as orações e bençãos judaicas sobre as refeições. Na Igreja do Oriente a doutrina da transubstanciação é desconhecida e em sua liturgia não há as palavras de instituição ("este é meu corpo...este é meu sangue..."). 

Luteranismo

Os luteranos acreditam que o corpo e o sangue de Cristo estão "verdadeiramente e substancialmente presentes em, com e sob as formas" do pão e vinho (os elementos) consagrados, deste modo os comungantes comem e bebem o corpo e sangue do próprio Cristo tanto quanto comem o pão e bebem o vinho através deste sacramento. A doutrina luterana da real presença é ensinada como a doutrina da União Sacramental. Essa doutrina muitas vezes é incorretamente chamada de consubstanciação. Este termo é rejeitado pelas Igrejas Luteranas e seus teólogos, uma vez que cria uma confusão sobre a doutrina aproximando-a de uma compreensão equivocada, próxima ao conceito católico romano da transubstanciação[15], tido pelo Luteranismo como anti-bíblico e filosófico. A celebração da Eucaristia entre os luteranos segue um rito previamente estabelecido com um texto litúrgico responsivo (inclui "prefácio" e as "Palavras da Instituição"), similar à liturgia católica romana, porém de forma mais simplificada, excluindo-se todo e qualquer conceito de caráter sacrifical. Enquanto alguns Luteranos celebram a Eucaristia, ou Santa Ceia, semanalmente apenas para membros (comunhão fechada) como é o caso da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, outros celebram quinzenalmente, mensalmente, ou mesmo trimestralmente, para todos os que quiserem participar (comunhão aberta), no Brasil é o caso da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. Tais diferenças entre os luteranos também existem em outros países em maior ou menor proporção.

Anglicanismo

Na Igreja Anglicana, o entendimento é de um sacramento, independente de como o mesmo será entendido pelo comungante. Havendo alguns que tendem a uma explicação mais católica outros a explicações mais protestantes (de acordo com a linha dentro do anglicanismo) e alguns até preferem nem se preocupar em explicar como se dá, estando satisfeitos em saber que o corpo e sangue de Jesus está presente ali de alguma maneira.


Reformados

Dentro dos princípios Reformados, cuja teologia remonta aos princípios da reforma e são influenciados por Calvino, são duas visões principais quanto à Eucaristia.

Na visão de Zuínglio, a ceia é a lembrança do sacrifício de Cristo - essa posição é chamada de "memorialismo".

A proposta de Calvino, em oposição a Zuínglio, era que na ceia ocorria a presença de Jesus, não nos elementos, mas espiritualmente e posteriormente comunicada aos comungantes. A essa forma de entendimento dá-se o nome de "presença espiritual".

No século XVII, as igrejas batistas, em relação à ceia, baseiam-se nos princípios disseminados por Zuínglio, assim concebendo a Ceia apenas como um rito em que se recorda e proclama a morte de Cristo até que Ele retorne, onde o pão e o vinho são apenas elementos que simbolizam o corpo de Cristo. O termo usado é de "ordenança" (ou "mandamento") ao invés de "sacramento". Os luteranos e mórmons são uma das vertentes evangélicas que apoiam o uso de álcool na Santa Ceia.[16][17][18][19]

Evangelicalismo(Protestantismo-Evangélicos)[editar | editar código-fonte]

Dentro da teologia evangelical, a Eucaristia é chamada geralmente por "Santa Ceia" ou "Ceia do Senhor". Para eles os elementos ingeridos confirmam não somente a comunhão com as pessoas (irmãos) como também reafirma a comunhão individual com Cristo. Não se trata de um simbolismo, mas um ato de fé.



Testemunhas de Jeová

A celebração da morte de Jesus Cristo realiza-se anualmente pelas Testemunhas de Jeová, segundo o calendário judaico, em 14 de Nisã, após o pôr-do-Sol. É comumente chamada de Celebração da Morte de Cristo.

O pão ázimo ou não fermentado e o vinho sem aditivos, representam respetivamente o corpo imaculado de Cristo (João 6:35) e o seu sangue derramado em redenção dos humanos. (Lucas 22:18) São assim símbolos ou emblemas da vida perfeita do Cristo, ou Messias, o Filho de Deus, que ele entregou voluntariamente.

Para as Testemunhas de Jeová, o pão e o vinho usados são meramente ilustrativos ou emblemáticos, (Mateus 13:13) ou seja, representam o corpo e o sangue do Cristo, mas não possuem qualquer poder espiritual, milagroso ou similar. Apenas sugerem e evocam à consideração dos fieis, ou lembrança, de um acontecimento já passado, como entendem as palavras de Jesus em Lucas 22:19:

""Persistam em fazer isso em memória de mim"" (NM)

As Testemunhas entendem que João 6:53-57 não dá ideia da transubstanciação, ou seja, comer e beber a carne e o sangue literais de Cristo. Se assim fosse, Jesus estaria incentivando a violar a Lei que Deus havia dado a Israel. Essa lei proibia comer qualquer tipo de sangue. (Levítico 17:10-12, compare com a ordem aos cristãos em Atos 15:28,29) Jesus falou fortemente contra violar quaisquer mandamentos da Lei. (Mateus 5:17-19) Portanto, o que Jesus tinha em mente só podia ser comer e beber em sentido figurativo (Mateus 13:13), por exercer fé no valor do seu sacrifício. - João 4:14; 6:35,40;



A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons)

Entre os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o chamado "Sacramento" (simplificação de "Sacramento da Ceia do Senhor") é partilhado semanalmente aos domingos durante a "Reunião Sacramental" e é o momento de maior relevância espiritual entre os serviços religiosos dominicais.

Partilham-se pão e água em lembrança do corpo e sangue de Jesus e o ritual é considerado uma renovação dos convênios batismais.


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